• Dinheiro encontrado na casa de Paulo Igor estava escondido na bomba da banheira de hidromassagem

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  • 12/04/2018 12:00

    A maior parte do dinheiro encontrado nesta quinta-feira na casa do presidente da Câmara Municipal de Petrópolis, vereador Paulo Igor, estava escondida na bomba da banheira de hidromassagem. Havia dinheiro também na gaveta de um móvel e dentro de um carro. A polícia apreendeu no imóvel R$ 155 mil e US$ 10,3 mil. O dinheiro estava separado em maços, alguns com informações sobre valores e identificação de nomes (alguns apenas com as iniciais) das pessoas que possivelmente receberiam o dinheiro. Paulo Igor foi preso e levado para o Rio.  

    A operação da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual, batizada de Caminho do Ouro, também tinha como alvo o vereador Luiz Eduardo Francisco da Silva, o Dudu, que, assim como Paulo Igor, teve a prisão preventiva decretada. Ele é considerado foragido. Os dois são acusados de fraude em licitação e peculato (apropriação de dinheiro público). Também foram cumpridos em Petrópolis cinco mandados de busca e apreensão na Casa Legislativa, nas residências do presidente da Câmara e do empresário Wilson da Costa Ritto Filho, o "Júnior" – ele foi representante legal da empresa Elfe, que foi contratada para serviços na Câmara, e foi vice-presidente do grupo Facility. Também foram feitas buscas em uma de suas empresas. Os mandados de prisão foram expedidos pela Justiça, com base nas investigações do Grupo de Atribuição Originária em Matéria Criminal (GAOCRIM/MPRJ). 

    De acordo com a denúncia, o presidente da Câmara, Paulo Carelli, com auxílio dos demais envolvidos, combinou com o empresário uma forma de direcionar a licitação 03/2011, que gerou contrato de R$ 4,49 milhões, firmado entre Câmara Municipal de Petrópolis e a empresa Elfe Soluções em Serviços LTDA.

    O objeto contratual era extremamente amplo e consistia na prestação de serviços de limpeza, conservação, higienização, reprografia, vigia, jardinagem, copeiragem, recepção, telefonia, motorista, manutenção predial e operação de áudio e vídeo, além de fornecer todos os materiais de consumo, equipamentos e insumos necessários para as atividades dentro a Casa Legislativa pelo período de 12 meses, a contar do dia 1º de janeiro de 2012. 

    De acordo com o MPRJ, Paulo Igor e seu ex-chefe de gabinete, o também denunciado Bruno Pereira Macedo, condutor do processo administrativo que gerou a licitação, deixaram de dar publicidade ao certame, como determina o artigo 21 da Lei 8.666/93. Além disso, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) apontou outras irregularidades no ato licitatório. Segundo a corte de contas, foram consultadas para pesquisa de preços dos serviços a serem contratados pelo edital, exatamente as mesmas três empresas que ofereceram propostas pelo contrato. Também foi identificado "sobrepreço" total na licitação de 25%.

    Além das irregularidades apontadas pelo TCE-RJ, o Ministério Público apurou que os sócios das três empresas que apresentaram propostas no certame já pertenceram aos quadros societários umas das outras, e alguns tem vínculos de parentesco uns com os outros.

    Para o MPRJ, fica evidente que as diversas ilegalidades praticadas durante o procedimento licitatório, especialmente as relativas à falta de publicidade do certame, tinham como objetivo afastar o caráter competitivo do ato para direcionar a licitação em favor da sociedade do denunciado "Júnior", a Elfe Soluções. 

    Segundo as investigações, os vereadores Paulo Igor e "Dudu" mantinham estreito vínculo de amizade com o empresário. De acordo com o Ministério Público fluminense, "Júnior" foi responsável por financiar, por meio de doações, mais de 90% das campanhas eleitorais de "Dudu" para a Câmara de Vereadores em 2008, e para deputado estadual, em 2010. 


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